sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ilustração de um poema


Erros meus, má fortuna, amor ardente

Erros meus, má fortuna, amor ardente
em minha perdição se conjuraram
os erros e a fortuna sobejaram,
que para mim bastava o amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
a grande dor das causas que passaram,
que as magoadas iras me ensinaram
a não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso dos meus anos;
dei causa [a] que a Fortuna castigasse
as minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos
Oh! quem tanto pudesse que fartasse
este meu duro génio de vinganças!

                                                                                      Luís Vaz de Camões

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